A integração dos imigrantes: um envolvimento contínuo para Joaquina Pires
Joaquina Pires faz parte das pessoas, anónimas junto do grande público, que contribuem para a melhoria da nossa sociedade. Desde sempre, dá apoio aos imigrantes de Montreal.
Joaquina Pires conta a sua história. Produzido pelo Centro de História de Montreal, o vídeo releva o percurso profissional de uma natural de Montreal, resultado da imigração, que trabalhou toda a vida pela integração das pessoas imigrantes na sociedade do Quebeque.
Joaquina Pires colabora regularmente com o Centro de História, nomeadamente desde a exposição “Encontros. A comunidade portuguesa. 50 anos de vizinhança e a implementação das primeiras clínicas de memória em 2003.” Vários outros projetos, incluindo a exposição de fotografias e testemunhos “Fil de tendresse”, resultaram desta colaboração. O Centro de História quis assim destacar a carreira de Joaquina Pires e o seu conhecimento da comunidade portuguesa de Montreal através de dois vídeos.
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Joaquina Pires - 1974
A imigração está indubitavelmente ligada à história de Montreal. O acolhimento dos imigrantes, a sua integração e o seu papel na sociedade evoluíram bastante, particularmente no decorrer das últimas décadas. As alterações socioculturais, tomadas de consciência da sociedade e políticas permitiram esta evolução. Além disso, é fruto do trabalho concreto de várias pessoas. Entre elas, Joaquina Pires.
Joaquina Pires chegou a Montreal, vinda de Portugal, em 1966, com 10 anos, com os pais e alguns irmãos. Foram recebidos por um dos irmãos mais velhos que já se tinha estabelecido no Quebeque há mais de um ano e tinha organizado a reunião da família. Como vivia no bairro de Saint-Louis, Joaquina pôde escolher frequentar uma escola francófona, em vez de anglófona. “Queria estudar na língua de Molière”, recorda. Como era jovem, esta decisão acabou por ter uma grande influência na sua carreira futura.
Uns anos depois, fazendo parte do conselho de alunos da primeira escola polivalente do bairro, Joaquina Pires assumiu a causa do direito de as raparigas poderem vestir calças. Foi a sua primeira ação militante! Enquanto estudava sociolinguística na universidade, a jovem trabalhava também como instrutora de língua francesa em grandes empresas de Montreal. Depois de ter participado num estudo sobre o enorme número de chumbos de enfermeiras imigrantes no teste de francês, contribuiu para o estabelecimento de um novo exame, melhor adaptado às realidades socioculturais das pessoas avaliadas. Em seguida, desenvolveu aulas específicas para o mundo laboral, sempre dirigido às mulheres.
Reagrupamento das mulheres imigrantes
O mesmo objetivo, meios diferentes
Joaquina Pires
Entretanto, Joaquina Pires escolheu dar seguimento ao seu envolvimento junto de mulheres imigrantes de uma forma diferente. Saiu do meio comunitário para entrar na função pública municipal. Em 1988, integrou o departamento que se tornará no Bureau interculturel de Montréal (Gabinete Intercultural de Montreal), onde seria agente de ligação e, mais tarde, consultora de relações interculturais durante 28 anos. Antes disso, Joaquina Pires tinha sido ajudada por funcionários atípicos no avanço de certas causas. Como eles, quer mudar as coisas noutro meio com melhores ferramentas graças à sua experiência comunitária. Joaquina Pires pensa que seria natural favorecer as interrrelações para a cidade de Montreal pois, como diz, “era uma criança que também era mãe, servia de intérprete aos meus pais, era agente de ligação em criança!” Durante a sua carreira de funcionária pública, Joaquina esteve associada a várias causas sociais, como por exemplo, participando em conselhos de administração de diversos organismos. Na verdade, considera que, para se ser um bom agente numa instituição, é preciso conhecer o terreno, estar ligado ao que é concreto e à sua comunidade.
Joaquina Pires observa que, nos anos 70-80, trabalhava com mulheres que não podiam expressar-se porque eram analfabetas, violentadas, mal informadas…
Atualmente, nomeadamente graças à internet, o acesso à informação é mais fácil e o meio laboral mudou. Entretanto, a militante calcula que várias mulheres continuam a ter dificuldades de integração no novo país. Outras, por exemplo, trabalhadoras domésticas, vivem em condições próximas das décadas anteriores. Joaquina relembra que o trabalho para a assistência e formação destas mulheres continua a ser indispensável.
Hoje em dia, Joaquina Pires afirma ser uma reformada privilegiada que continua ainda a militar e a lutar ativamente. Considera que a sua ação consiste ainda em trabalhar individualmente e que a sua atenção deve incidir sobre a particularidade dos indivíduos que acompanha. Continua a “encontrar pessoas, a ser transformada por elas e a transformá-las”.
Agradecemos à Sociedade de História Natural do Canadá pela sua contribuição financeira para a filmagem e montagem desta entrevista.